As múltiplas faces de uma incoerência humana

20 janeiro 2007

De volta ao trabalho

Para a infelicidade de você, leitor, voltei da viagem do Rio Grande do Sul.
As minhas férias podem ser divididas em algumas partes, algumas boas outras nem tanto.
A primeira parte pode ser resumida da seguinte maneira: pegue alguma música de funk. Coloque-a para tocar, mas com o volume no máximo. Esse detalhe é essencial. Pronto. Você viu como foi a primeira parte das minhas férias.
A segunda parte foi ouvir fogos de artifício enquanto eu estava deitado na virada de ano. E jogar canastra.
A terceira, e última, foi marcada por absolutamente nada. Deu para ver como foram divertidas as minhas férias?
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Não posso ser injusto. Esqueci de mencionar algo importante. Enquanto assistia a um filme, apareceu uma propaganda que não pode ser deixada de lado: era a propaganda do incrível CD de Gilberto Barros!E ainda por cima era sério! Para o leitor ter uma idéia do nível elevado de suas músicas, copio um trecho: “Essa árvore tinha um galho/Oh que galho, mas que galho/Ai, ai, ai que amor de galho.”. Outro trecho: “Acorrentado em você/Estou me sentindo acorrentado/Morrendo de tanto te querer/Coisa de quem está apaixonado.”. Estamos todos perdidos.
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Uma das minhas avós tem antena parabólica. Com isso, consegui assistir a Tv Educativa. Por uma coincidência, peguei uma entrevista com Roberto Requião, nosso governador. Ele disse que o pedágio foi controlado e que a grande mídia, leia-se a Gazeta do Povo, é manipuladora. Sobre o pedágio, ele deve estar certo, a despeito do fato dos paranaenses terem de pagar R$20,00 para ir e voltar às praias, enquanto os gaúchos pagam R$5,00, ida e volta. Mas isso é irrelevante para Requião. Eu não leio a Gazeta, mas acho que quando um governista começa a culpar a mídia por causa dos problemas, é porque tem algo errado. Uma frase do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, resume bem: “O New York Times está no seu papel de colocar os problemas, e o nosso papel é resolvê-los.”. Apesar de nenhum governante acreditar nessa frase, e Cabral está incluído, ela está certa. Cabe a imprensa apontar os problemas, e não ser culpada por eles. Mas até os nossos mandatários aprenderem...
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Todo mundo acha que a Globo é anti-lulista, que ela fez campanha para Alckmin. Na posse de Lula II, fez-se até um coro: “O povo não é bobo, fora a Rede Globo”(Só uma observação:o povo é, sim, bobo). Mas parece que Manoel Carlos, autor de Páginas da Vida, está se redimindo. Na novela, várias vezes os personagens exaltaram o envio de tropas da Força Nacional de Segurança. Alguém pode falar que a situação está fora de controle. Discordo. Para a situação sair do controle da polícia, a situação precisa, antes, estar sob controle, o que não ocorre. O que acontece no Rio são tréguas. Quando os bandidos bem entendem, eles agem. Essas tropas vão ser um tapa-buracos. Elas matarão meia dúzia de bandidos, prenderão outros, mas quando for embora, deixarão à mesma situação de quase-caos. O problema do Brasil é que tapa-buracos é algo louvável, admirável. Inclusive por Manoel Carlos.Outra medida para conter a violência foi antecipar a ação de agentes que entrariam em ação no Pan2007, atuando para conter o crime organizado durante os jogos. A mensagem para os bandidos é clara: “Durante os jogos, vocês não farão nada. Depois, quando a gente for embora, aí sim vocês poderão fazer o que quiserem.”