As múltiplas faces de uma incoerência humana

24 janeiro 2008

As peripécias de um vestibulando e seus cabelos

Depois de mais de sete meses sem post algum, este que vos fala resolve voltar a escrever. Talvez porque eu não tenha absolutamente nada para fazer, ou porque não tenho pena de vocês, caros leitores. Na verdade, parei de escrever porque, no segundo semestre, meu tempo foi consumido quase que inteiramente por cursinho. Cursinho que me trouxe histórias curiosas.

Elas começaram antes de o semi-extensivo começar. Em maio, eu e alguns amigos resolvemos ir aos cursos pré-vestibulares, a fim de conseguir algum desconto. Porém, fracassamos. O Positivo nos recebeu, mas disse que a política de dar descontos tinha acabado, porque o custo/benefício não valia a pena. O Dom Bosco apenas nos disse que o curso não ofertava bolsas como no ano retrasado. E só.

Deixamos de lado o assunto por um tempo. No começo de julho, fomos em busca de desconto mais uma vez. Ficamos sabendo que um curso oferecia bolsas de estudos mediante bom desempenho numa prova aplicada. Conseguimos a bolsa, e fomos ver se Dom Bosco e Positivo queriam cobrir o desconto oferecido. O Positivo se negou, pelos motivos apresentados anteriormente. Mas o Dom Bosco resolveu cobrir e,para garantir que o Dom Bosco mantivesse a oferta, ficamos por algumas horas matriculados em dois cursos pré-vestibulares ao mesmo tempo.

Aqui cabe uma observação. Não pense que estou criticando um ou outro cursinho. Tampouco estou “cuspindo no prato em que comi”. Fiz Dom Bosco e não me arrependo, e é fato que sem ele não teria sido aprovado no vestibular. Não posso julgar nenhuma das políticas de nenhum curso pré-vestibular. Nem teria moral para tal julgamento. Isso quem faz são os pais. Apenas relato os fatos ocorridos.

Enfim começaram as aulas. E aqui não há nenhuma novidade. Almoços ruins, aulas que tentam fazer você decorar a matéria, mas que também têm que ser atrativas o suficiente para você não se sentir tentado a atravessar a rua e ir ao shopping.

No meio disso tudo, havia o Enem, que serve para avaliar o Ensino Médio no Brasil. Eu nunca tinha visto uma prova do Enem antes. E, para mim, ele era um teste difícil. Serviria como uma prévia do vestibular que me aguardava no fim do ano. Mas quando eu vi a prova, eu vi todo o fracasso do Brasil passando pelos meus olhos. Como uma prova daquelas pode ser o critério de avaliação de qualidade de ensino? Na hora eu pensei: “deve ser ‘pegadinha’. Eu que não estou lendo direito”. Não era. E o que me deixou mais indignado foi que, mais tarde, fiquei sabendo que o Colégio Bom Jesus, eterno segundo na classificação do Enem em Curitiba (sim, hoje eu acordei para falar mal dos colégios curitibanos...), fez aulas especiais para o Enem. Como assim? Os alunos precisam de um reforço para uma prova destas?! Não estão naturalmente preparados?! O que ensinam no Colégio Bom Jesus? (Só o que me falta o Bom Jesus ter ficado em primeiro no Enem no ano passado, passando a UTF-PR, justamente quando eu representei o colégio...)

Mas seguindo com o cursinho. Uma prática comum de cursinhos é dar aulas no feriado. Afinal o tempo é curto e o conteúdo, longo. E assim ocorreu no feriado da Independência. Mas, por causa dos desfiles militares, as aulas seriam concentradas em uma só sede. Mas uma semana antes do feriado haveria um simulado, ocorrendo em dois dias. O primeiro foi normal. Já o segundo aconteceu ao som da parada gay, localizada a 50 metros dali. E a parada gay pode ser tudo, menos silenciosa. Uma coisa eu não entendi: por que o barulho da parada gay pode, e o dos milicos não pode? Desconfio que o diretor do curso não quis ser mal interpretado. Vai que, se ele mudasse o local da prova por causa da parada gay, ele fosse considerado preconceituoso por evitar os homossexuais...

Enfim chega novembro, e com ele a temporada de vestibulares. Começando com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Prova num fim de semana, resultado no próximo. Embora tenha achado que tinha ido mal, fiquei em 1º lugar do curso. Reforçava a opinião não muito boa sobre universidades particulares que eu tinha, já que mesmo indo mal, passei numa boa colocação. No mesmo dia, começava as provas da UnicenP. Para esta faculdade, tentei para Medicina, pois o curso que eu queria- Engenharia de Produção- não era ofertado. O resultado saia dois dias depois da realização da última prova. Fiquei sabendo dele por telefone. Minha mãe me liga e diz, enquanto contém o riso, que não, eu não passei. E depois não se segura e cai na gargalhada. Duvido muito que qualquer um que não passou em qualquer universidade paranaense recebeu um resultado negativo de forma tão peculiar, ainda mais de sua progenitora. Em menos de cinco dias, saio do céu da PUC e vou ao inferno da UnicenP. Meu conceito sobre faculdades privadas mudou completamente, para melhor.

O tempo passa, e eu termino minha temporada de vestibulares com as provas da UTFPR e UFPR. O primeiro resultado a sair é o da UTFPR, antigo e eterno CEFET. Resultado no campus da universidade, com direito a banho de lama e tudo o mais. Depois de comemorar, sujar-me bastante e tomar um baita de um banho, meus pais resolvem sair com os amigos para comemorar o resultado. E então ocorreu a comemoração mais estranha que já vi. Em primeiro lugar, numa pizzaria que eu nunca ouvi falar. Não era para eu comemorar, embora eu não goste muito de comemorar esse tipo de coisa? Nada mais justo que eu escolher o lugar. Mas tudo bem.

Mas o fim da noite me reservava algo único. Na época, meu cabelo estava maior do que o normal. Natural, tinha deixado-o crescer bastante para cortá-lo no “trote” da UFPR (embora, naquela época, a possibilidade de eu reprovar na UFPR era real). Durante o jantar, vários implicaram com ele. Deixei de lado, até porque eles não tinham meios de cortar meu cabelo. Ledo engano. Na saída, quando todos começaram a se despedir, fui cumprimentar um dos pais de um amigo meu. Quando fui dar um abraço, veio o golpe de traição. Lembrei-me imediatamente da história do advento do aperto de mão. Ele foi criado porque, com o abraço, poderia haver apunhaladas pelas costas. Descobri isso na prática.

Ele, com o seu braço, segurou-me pelo pescoço. A situação era seguinte: eu, com meros 1 metro e 60 centímetros, com físico nada atlético, estava sendo seguro por alguém de 2 metros, com um braço cujo diâmetro é igual ao da minha coxa.

O que seguiu foi algo que pode ser tudo, menos um “corte” de cabelo. Não rasparam meu cabelo, tampouco o cortaram de forma uniforme; mas sim o picotaram, como se cada um estivesse pegando algumas mechas para recordação. No fim, meu cabelo ficou assombroso. Nos lados, raros cortes. Na frente, cortes aleatórios, de forma randômica, sem uniformidade alguma. O que pareceu é que uma trilha foi desmatada para piolhos fazerem alguns passeios na minha cabeça. Mas apenas na parte da frente, já que atrás o cabelo ficou intacto. Ou seja, extremamente curto na frente e muito grande atrás.

Esse foi um resumo dos meus últimos seis meses. Todas as vezes que eu me lembrar desse ano que passou, vou olhar para cima e pensar com meus piolhos: “QUE ANO...”

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Bom, para variar um pouco, eu mudei algumas coisas no blog. Na verdade, a parte visível da mudança está apenas na parte dos sites recomendados. Retirei alguns e coloquei outros.

David Coimbra é jornalista da Zero Hora, e coloca em seu blog algumas de suas colunas, onde narra histórias bem interessantes. Uma que vale a pena, e foi a partir dessa que eu comecei a ler o jornalista, foi sobre quando ele foi à Colômbia como repórter esportivo e aproveitou para entrevistar um guerrilheiro das Farc. E ele narra como foi a experiência.

Outro blog recomendado é o de Ricardo Cury. Esse é um daqueles blogs que tu achas por acaso. E, embora o blog seja bom(eu acho, pelo menos), o autor não diz nada sobre si. Pelo que deu a entender, é jornalista e já trabalhou/trabalha no ramo musical.

O blog Puro Futebol é escrito por gaúchos, que são avessos ao chamado "futebol-arte". É uma visão de torcedores que, embora sejam mais racionais do que a maioria, ainda sim são torcedores.

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É bom notar que os novos sites recomendados não se tratam sobre política. Talvez as indicações são uma mostra do que esse blog seria se não focasse apenas na política. Pretendo, quando possível, variar o assunto, já o mundo de Brasília não me traz muitas novidades. E esses sites serão usados. E, sim, pretendo escrever menos no próximo post.

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