As múltiplas faces de uma incoerência humana

20 março 2007

Passeando pela concorrência

E a política conspira contra o signatário que vos fala. Nenhum assunto relevante. A reforma ministerial me dá poucos tomates a ser jogado em Lula II. A briga entre dois políticos(um que finge ser oposição, e o presidente da CCJ que finge ser imparcial) não dá duas linhas de texto. Então, a única opção de assunto é ver como está o meu blog favorito, VotoLula.
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O primeiro post do blog em questão é um intitulado "O que dizer contra a CPI da crise aérea". Cita uma frase de um deputado do PP: "Seria uma CPI meramente política, que visaria a paralisar o Congresso Nacional e o governo". É verdade. Quando a oposição, qualquer uma, pede uma CPI, pode ter certeza que serve só para atazanar o governo. Afinal, a oposição serve para isso. Mas há dois pontos conflitantes: o primeiro é que os aeroportos precisam de uma investigação. Um relatório, do TCU se não me falha a memória, apontava irregularidades na Infraero. Com os atrasos virando rotina, parece claro, pelo menos para mim, que nem tudo está bem na aviação civil brasileira. E o segundo ponto é uma tecla que 11 em 10 anti-Lula estão batendo desde 2005: quando oposição, o PT pedia CPI para tudo. Agora, não quer para nada.
Um exemplo dessa política vem de São Paulo: "“Na manhã de ontem(14/03), o PSDB brigou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para instalar a CPI do Apagão Aéreo, mas à tarde, os tucanos usaram de todos os artifícios para obstruir, na Comissão de Direitos Humanos na Câmara, a realização de uma audiência pública para investigar o desmoronamento na obra do metrô em São Paulo." O texto entre aspas é de José Dirceu, que aponta uma incoerência tucana, pode apontar uma incoerência petista: por que abafar uma CPI que trata do caos dos aeroportos, enquanto é preciso uma investigação sobre o buraco do metrô? Quem garante que essa audiência não seja para fins políticos?
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Outro artigo digno de nota, esse um pouco mais antigo, é o post "Notas esparsas sobre uma visita polêmica". Fala da visita de Bush ao Brasil.
O autor da nota acha que a cobertura dos protestos foi um ato conspiratório da mídia. Cito-o: "Os grandes veículos abriram largo espaço para os protestos. Afinal, com uma pauta pró-governo que se auto-impôs de modo tão forte, era preciso buscar alguma coisa pra contrabalançar e desgastar a imagem do governo". O mais engraçado disso, fora o óbvio, é que, quando Clinton vinha visitar o Brasil, quem estava protestando eram justamente os signatários do blog. Até hoje eles defendem Hugo Chávez, um anti-americano.
Outro fato comentado pelo autor foi que "o avião do Bush Jr. é pelo menos 10 vezes maior do que o nosso bem conhecido Aerolula". E ironiza: "não deve haver um Arthur Virgílio no Congresso norte-americano para dizer que aquilo é fruto da vaidade ou deslumbramento do presidente". Não sei se há. Mas deveria. Eu acho um exagero. Esses presidentes com aviões enormes não faz sentido. Um jatinho até vai, é compreensível. Exigir que um presidente viaje de classe econômica é mesquinharia. Mas um AeroLula, ou um avião como o de Bush, é exagero.
O signatário continua: "apenas a Globo foi enfática ao informar que Bush não tem poderes para derrubar as barreiras protecionistas contra o álcool do Brasil". Eu não leio a Folha de São Paulo, mas Josias de Souza, em seu blog, enfatizou isso. Mas é bom notar que, mesmo se pudesse derrubar as tarifas, Bush não faria. E seu sucessor provavelmente mandará um projeto ao Congresso americano para renovar a barreira em 2009.
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Uma notícia publicada no portal ClicRBS, do grupo RBS(filial da Globo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina): "Papagaio pode voltar ao regime semi-aberto". Para (todos) os desinformados, Papagaio é um ladrão de bancos, um dos mais perigosos do Rio Grande.
Pelo que deu para entender, ele fugiu do regime semi-aberto, foi recapturado e vão colocá-lo em regime semi-aberto, depois de 30 dias de isolamento. A defesa exige mudança de regime imediata. Traduzindo: o sujeito foge, é recapturado e vão colocá-lo em regime semi-aberto. O juiz justifica a medida pelo bom-comportamento do sujeito. Ah, bom. Se é assim, tudo muda.
E a lei não precisa de alterações. Afinal, não podemos concluir que, apesar de ele ter fugido na primeira oportunidade que demos a ele, ele fugirá na segunda. Nós, da direita fascista, precisamos acreditar na boa índole dos bandidos.