As múltiplas faces de uma incoerência humana

05 fevereiro 2007

E agora, Jósé?

Depois de 10 dias sem nada a publicar, eu volto para lhe pentelhar, caro leitor. E com algumas novidades. Embora pequenas, são bem interessantes.
O formato do texto finalmente ficou dentro da margem. Antes, alguns textos ficavam fora da margem, o que não era lá muito legal. O texto, antes, ficava num parágrafo só, porque o "Enter" não era aceito como uma nova linha pelo Blogger. E, last but not least, os links enormes que eu colocava nos posts sumiram, devido a um truque aprendido às três horas da manhã. No lugar deles, eu defino uma palavra que, quando pressionada, levá-lo-á ao link que eu indiquei.
Para estrear essa nova fase do blog, farei o que mais gosto de fazer: bater em lulista. Para quem não se deu o trabalho de ir na seção "Links"; ao lado direito do blog, há um blog chamado "Voto Lula". Quando eu vi esse blog pela primeira vez, eu não dei muita bola. Agora, porém, sinto-me até emocionado com tanta munição. Só comunidade do orkut tem mais munição para eu atirar em lulista.
Um dos posts do tal blog é um artigo escrito por José Dirceu.
O senhor Dirceu começa seu escrito dizendo que "quando chegaram as eleições de 2006 e o Bolsa Família já era um sucesso inegável, passaram a acusá-lo de assistencialismo e de ser o único responsável pela eleição de Lula, nova fase da campanha para desqualificar os programas sociais e o resultado das urnas." O Bolsa-Família é pura esmola. Além de ser a reunião de todos os programas sociais de FHC, extinguiu a contrapartida. Não que eu gostasse de FHC e seu Bolsa-Escola, que exigia que a criança frequentasse a escola. De que adianta frequentar uma escola de péssima qualidade? O Estado perde dinheiro e a criança perde seu tempo.
Concordo com ele no que diz à vitória de Lula ser creditada apenas ao Bolsa-Família. É verdade, não foi só por isso. Alckmin deu uma bela ajuda, com sua infinita bananice diante das privatizações. Quando Lula impôs o tema das privatizações, Alckmin tremeu nas bases. Mas o Bolsa-Família teve um peso importantíssimo na reeleição de Lula.
Dirceu continua em sua coluna: "se o PT nomeia petistas é aparelhamento do Estado, se o PSDB nomeia tucanos é a ordem natural das coisas.". Não que eu goste, mas defendo um pouco o PSDB. O aparelhamento estatal feito pelo PT foi muito superior ao do PSDB. Segundo nota publicada no Blog do Noblat, o PT quer nove ministérios, inclusive ministérios de primeiro escalão, como Fazenda, Casa Civil e Saúde. O PMDB, partido com maior bancada no Parlamento, quer cinco. Se isso não for aparelhamento, já não sei o que é.
O ex-ministro continua dizendo que "a oposição pretende é desmobilizar a importante base de apoio que o governo conquistou, com o lançamento do PAC, tanto no empresariado como no meio sindical e popular.". Primeiro, que se a oposição não concordou com pontos do PAC, deve fazer isso mesmo: criticar. A não ser que Dirceu concordou com Lula quando este disse que a oposição deveria se calar até 2010. Segundo, que o apoio não foi lá tão grande. Alguns sindicatos entraram na justiça contra a União por causa da proposta do uso do FGTS. Parte do empresariado criticou a timidez das medidas, da falta de cortes dos gastos estatais e da falta de participação da iniciativa privada nos investimentos na infra-estrutura. Como bem disse a ministra-chefe da Casa Civil, é dinheiro público na veia. Não há como crescer assim.
O ex-deputado vai em frente falando que "querem que o governo assuma o programa derrotado nas urnas, querem deslegitimar o mandato(...). Na prática, querem dar um golpe branco na vontade popular expressa nas eleições de 2006.". O senhor Dirceu deveria saber que não houve programa vencedor. Não houve propostas. No máximo, idéias, mas sem dizer como elas seriam aplicadas e com que dinheiro. O que houve foi propaganda. Lula dizia que fez um monte de coisas, que foi melhor que FHC, o que não é muito verdadeiro. Alckmin dizia que era o candidato da ética, apesar de 69 CPIs engavetadas sob seu mandato desmentirem esse rótulo. E tem mais: algumas reformas são essenciais para o país crescer, como a da Previdência, a trabalhista e a tributária.
Mais uma coisa: "golpe branco"? O ex-ministro deu a entender que a crítica ao PAC(ou ao PACtóide, como diria Reinaldo Azevedo) seria um golpe. Oras, crítica deveria ser aceita para melhorar o programa, se o objetivo é "fazer o país crescer e retomar o desenvolvimento nacional". Para José Dirceu, aceitar críticas é querer "que o governo assuma o programa derrotado nas urnas, (a oposição e a mídia)querem deslegitimar o mandato, recebido por Lula".

3 Comments:

  • At sexta-feira, fevereiro 09, 2007 1:10:00 AM, Anonymous Anônimo said…

    ahhh eu ia ler
    ia mesmo
    mas é taum grnade
    e tao politico uhauahuah
    e eu to com um sono
    e vc ainda me chama de burro!

    by hellmann

     
  • At domingo, fevereiro 11, 2007 9:57:00 PM, Anonymous Anônimo said…

    Isso ae.. melhor material anti-lulismo são as falas lulistas. hahaha

    Dá uma olhada nas comunidades anti-lula que tá rolando uma petição online contra a anistia do Zé Dirceu, não que eu ache que vai funcionar, mas não custa.

    Outra coisa, o Sérgio Cabral meio que defendeu o federalismo outro dia, dizendo que o estado deveria ter mais autonomia nas questões penais. Fiquei de cara, mas ele nem deve ter percebido que é uma idéia federalista, se perguntarem pra ele se ele concorda com o federalismo é capaz dele dizer que não.

    São todos uns bostas. Eu já vi que o jeito sair disso aqui mesmo.

    Como dizia Roberto Campos: "Só existem três saídas para o Brasil: o liberalismo, Galeão e Cumbica".
    Liberalismo tá fora dos planos, então o negócio é escolher entre os outros dois.

    flw guri

     
  • At domingo, fevereiro 18, 2007 1:40:00 AM, Blogger Ricardo said…

    Camarada Anderson,
    Que vc sinta muito por alguém que, como eu, "Votolula", é compreensível, afinal, é jovem demais para compreender a evolução recente deste país. E pra ler, nos livros, não em blogs como o meu ou o seu, o que esta elite para a qual você se baba todo de admiração - os tucanos, os pefelistas e os "pensantes" (por assim dizer) do tipo Reinaldo Azevedo e Dioguito Mainardi - fez do país. Fez de mal. É uma história de pequenos e grandes golpes, casuísmos, corrupção e ataque ao Estado. Que vc não ligue pra isso e ache que é tudo invenção do PT (inclusive acreditando que as falcatruas do PT sejam "inéditas em nossa história"), também é compreensível. Mas não faça papel de bobo, desconsiderando ou minimizando o papel transformador do governo Lula para a realidade brasileira. Dê-se ao trabalho de ler coisas como os relatórios PNAD, IBGE etc., para CONSTATAR a redução de desigualdades (regionais e socio-econômicas), a retomada de crescimento, a reconquista do equilíbrio econômico e fiscal, a recuperação da credibilidade do país, tanto pela sua nova política externa quanto pelo equacionamento da dívida externa. Sem esquecer a contribuição republicana do Presidente para o aperfeiçoamento dos mecanismos de controle do Estado e a atuação serena e equilibrada diante das crises internas e com seus vizinhos da AL. O VOTOLULA existe pra isso: fazer contraponto com a mídia tradicional que, de tão vinculada a interesses econômicos, partidarizou a abordagem de seus noticiosos, fazendo um mal danado ao desenvolvimento mental de gerações, como a tua, eu suponho. Seja sempre bem-vindo. Ricardo.

     

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