As múltiplas faces de uma incoerência humana

24 maio 2007

Da justiça a FHC

A vantagem de ficar quase 3 semanas sem nenhuma atualização é que, agora, assuntos não faltarão. Abordarei alguns.
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O Estadão, em seu editorial, criticou a Polícia Federal por alguns de seus métodos usados na Operação Navalha, e nas operações em geral, como exposição de presos em rede nacional. Outros criticaram o vazamento de informações. O senador Arthur Virgílio fez um discurso e tanto hoje no Congresso, falando sobre isso.

Tudo bem que se defenda o uso de meios legais para prender corruptos. Mas, como a Folha de São Paulo colocou, "a escolha, de qualquer forma, não deve ser entre a ilegalidade e a impunidade". E então entramos numa discussão maior: os benefícios que algumas pessoas têm na Justiça. Pelo que eu li, mais de 30 presos da Operação Navalha foram soltos. Das duas, uma: ou a juíza que expediu os mandatos errou 46 vezes ao mandar prender toda essa gente ou os que foram soltos (e pode esperar, que o resto também sairá livre) usaram das brechas jurídicas.
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Vejo que FHC está tentando liderar uma contra-ofensiva da oposição (ou o que restou dela), para fazer um contraponto à base governista, que corre sozinha no cenário político atual. Acha que a oposição precisa ter uma pauta popular, para atrair um eleitorado, que fechou fileira no PT com a ausência de um líder no PSDB/DEM.

Fernando Henrique está querendo fazer o impossível: transformar a oposição em algo sério. Ou seja, pirou de vez. FHC deveria estar dando palestra e tomando café com Bill Clinton. Na política, diminuiu levemente o tamanho do Estado brasileiro, o que está mais do que bom para ele. Política não é mais para ele. Não tem mais moral para meter o bedelho no PSDB, depois da furada que custou a eleição de 2006: achou que Lula deveria ir sangrando as urnas, porque assim teria uma governabilidade num futuro governo do PSDB. Caiu do cavalo, merecidamente.

E uma oposição liderada por PSDB e DEM só pode ser ruim. Os dois governaram por oito anos, e esses partidos parecem ter um passado governista pra lá de suspeito, já que todas as vezes que o PT ameaça investigar a era FHC, a oposição se cala. O Brasil precisa de um partido de direita, sério. Consolidado. Que faça uma oposição feroz ao governo Lula. As eleições do ano passado nos mostraram que Lula não é esse mito imbatível nas urnas, e que o PSDB é um partido de bananas. Nós precisamos um partido que tenha como princípios o liberalismo, mas que saiba fazer uma oposição tão ferrenha quanto a petista.
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Duas alterações na parte direita do blog, na área de sites recomendados. A primeira é uma nova seção, a de lazer. E a segunda é a inclusão de dois novos sites, ambos, por coincidência, na seção "lazer".

O primeiro é um site sobre astronomia, para você, caro leitor, esquecer um pouco da nossa política e viajar pelo espaço.

O segundo é o blog de Roberto Jeferson, cujo mandato foi passado à lâmina em 2005. Entra na seção "lazer" porque não é lulista, e muito menos de informação. O cara é, no mínimo, muito suspeito. Ninguém sabe para onde foi os 4 milhões. Assumiu que passou a mão na grana. Mas ele sabe de mais do que ele falou até agora. Se pudesse, entrevistá-lo-ia. Como presidente de um partido governista, ele sabia( e desconfio que ainda sabe) de todos os esquemas que rolam sob os panos. E com um adicional: ele tem vontade de contar. Ademais, ele era engraçado.

04 maio 2007

O troco e a liderança

Volto a escrever, depois de um mês. A inter-temporada de férias ocorreu em parte por falta de tempo e por indisciplina desse que vos escreve. Mas também aconteceu por falta de assunto.
Tentarei tirar o atraso.
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Evo Morales, quem diria, está vindo com tudo novamente. Agora, quer as refinarias da Petrobras instaladas na Bolívia(leia aqui matéria no Blog do Josias de Souza).
Quando vi a notícia, lembrei-me imediatamente do meu professor de Geografia, que já disse a perda de investimentos da estatal brasileira em solo boliviano não seria tão problemática assim.
Hum. A matéria fala em mais de 130 milhões de dólares. Dinheiro do povo, via impostos ou via ações compradas pela população.
Mas por que se preocupar? Apesar de o nosso presidente defender os interesses bolivianos antes de tudo, essa grana não é nada, perto de outros ralos tupiniquins. Tapa-buracos, mensalão, sanguessugas, etc. 130 milhões é troco para um país rico como o nosso.
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José Dirceu defendeu a luta do Brasil para entrar no Conselho de Segurança da ONU. Não entendo essa obsessão de conseguir essa cadeira permanente. Desconfio que, caso consiga, Lula poderá dizer que é, sim, um líder na América Latina, sem ser pentelhado pela imprensa. Seria uma espécie de troféu da liderança lulista.
Só que tem dois problemas nessa história O primeiro é que a suposta liderança é balela. Argentina, Venezuela e Bolívia contestam Lula, sempre que possível. E o resto dos países ignoram o líder Lula. Na questão entre Uruguai x Argentina, não foi Lula o chamado para mediar; e sim o rei da Espanha, se não me falha a memória.
O outro problema é óbvio: se não conseguimos nem controlar nossos presos, com que moral podemos falar da segurança mundial?
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Arnaldo Jabor vai ser processado pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, porque disse que tem maracutáia na verbas indenizatórias de combustível. Tudo bem, ele tem todo o direito de procurar a justiça caso se sinta ofendido. Mas uma pergunta que não quer calar: como os deputados gastam tanto combustível? Gastar 5 mil em gasolina por mês é algo pra lá de suspeito. Os deputados argumentam que viajam bastante para suas bases, e batem perna nos seus estados, o que justifica o gasto. Estranho. Nunca vi um deputado andando por Curitiba. Nunca vi ele perguntando para a população sobre a vida cotidiana. Mas quem sou eu para desconfiar deles?