As múltiplas faces de uma incoerência humana

14 junho 2007

Nada de bom

Lula reclamou da imprensa. De novo. Desta vez, acusou os meios de comunicação de não verem nada de bonito no Brasil. Lula, há algum tempo atrás, já disse que a imprensa só publica o que é ruim.

Pode até ser que seja verdade. Mas não há muitas coisas a serem mostradas que sejam "bonitas". Os nossos aeroportos estão uma loucura(e, embora a ministra Suplicy tenha nos aconselhado o contrário, é bem difícil "relaxar", quanto mais "gozar"), as chances de alguém sofrer com a violência são grandes e a política está como sempre.

Ademais, a imprensa não serve para ficar fazendo propaganda. O ex-ministro José Dirceu disse que a imprensa é, hoje, "o verdadeiro partido de oposição". Ótimo. Esse é o objetivo. Deveria ser assim com todos os governos. Imprensa serve como eterna vigilante dos políticos. Se tivéssemos uma imprensa decente, aliado a um povo que exigisse seus direitos, quem sabe nossos "representantes" não seriam tão $u$peito$.
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A reforma política foi para o espaço. Depois do adiamento da votação de ontem, por causa da proposta de lista fechada, ninguém mais quer saber de reforma nenhuma. Entende-se: a maioria dos políticos não querem nem ouvir falar em mudar um sistema partidário que só os beneficia.

Em pelo menos algum ponto, todos saem prejudicados. Na votação em lista, quem sai perdendo são deputados que vivem trocando de partido, para obter vantagen$. No financiamento público, os partidos médios têm chance de colocar seus candidatos em pé de igualdade com os pretendentes à cargos públicos dos 4 grandes- PMDB, PT, PSDB e DEM. E a fidelidade partidária prejudicaria todos os partidos governistas- seja quem for governo, já que de nada adiantaria oferecer bene$$e$ a deputados oposicionistas para mudar de partido.

A reforma deveria se basear em alguns pontos básicos: fidelidade partidária de 3 anos- evitando o troca-troca partidário; sem financiamento público de campanhas- segundo estudo da ONG "Transparência Brasil", nós gastamos 6 bilhões de reais com o Congresso. Seriam mais R$1,7 bilhão com o financiamento público. Nenhum político no mundo vale esse gasto; votação em lista- nós precisamos que o eleitor comece a votar por programas partidários(embora os programas atuais são uma porcaria); fim da reeleição- coibir o uso da máquina estatal nas campanhas; voto facultativo- tenho direito de não escolher quem vai me trapacear em Brasília; e, por fim, proposta de um congressista que não me recordo o nome: a proposta aprovada no Parlamento deveria ser referendada pela população.

Mas como a chance de essas propostas serem aceitas pelos senadores e deputados é próxima a zero, que tudo vai ficar como está, nada podemos fazer. A única solução é "relaxar e gozar".

05 junho 2007

O circo tupiniquim e o estrangeiro

Vou seguir a tendência dos últimos posts e vou abordar vários assuntos.
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Com as recentes operações Navalha e Xeque-Mate realizadas pela Polícia Federal, autoridades estão com medo de serem julgadas apenas por serem presas. Acusam a PF de atacar o estado de direito, de grampear telefones sem motivos aparentes. O irmão do presidente, acusado de tráfego de influência, seria uma prova de que ninguém, nem mesmo pessoas próximas ao presidente, estão salvas das "garras" da PF.

Político é estranho. Prisões arbitrárias existem no Brasil faz tempo. As prisões caindo aos pedaços são regra no Brasil. Tratamento desumano também. Mas por que, só agora, nossos representantes começaram a perceber esses fatos?

Isso que eles chamam de "circo" montado pela PF acontece na grande maioria das operações da Polícia. Mas, quando era traficante e contrabandista que era mostrado no Jornal Nacional, todos aplaudiam a eficiência das nossa Polícia. Agora, quando eles são os exibidos, tudo muda. Parecem aquelas crianças que adoram zombar dos outros, mas quando zombam delas, elas choram e não querem mais brincar. Nossos parlamentares são como crianças. Crianças que nós elegemos.

Pode até se concordar que alguns direitos estão sendo violados. Mas é necessário perguntar o porquê. Todos os políticos corruptos têm certeza da impunidade. Sabem que nunca irão a julgamento. Se forem, sabem usar as brechas que fazem a decisão final ser anunciada depois de décadas. Então, a Polícia Federal dá um gostinho de punição aos cidadãos brasileiros. O chefe de família que vê o deputado preso tem a falsa sensação de justiça, mesmo que ela dure alguns dias. Pode ser errado, mas como no Brasil tudo é errado, fica por isso mesmo.
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Esse princípio de crise armamentista entre EUA e Rússia é algo um tanto difícil de entender.

Em primeiro lugar, por que raios os EUA querem uma base na Europa? Para se defender de Irã e Coréia do Norte, diz Bush. Lorota. Digamos que Irã e Coréia tenham capacidade para construir armas atômicas. O que se fará em seguida? O Irã não irá explodir um artefato atômico na Europa porque sabe que qualquer país do G8 tem umas 100 ogivas nuncleares para cada bomba que o Irã desenvolva. Se explode uma, leva um contra-ataque de várias. O mesmo se aplica à Coréia do Norte, com o agravante de que os coreanos, ao contrário dos iranianos, não têm os petrodólares. O povo é miserável.

Por outro lado, a Rússia não tem o que temer. Os EUA não seriam loucos de destruir Moscou com suas ogivas. Tampouco alguns radares serviriam para intimidar a segunda maior potência militar do mundo. O que Vladimir Putin quer é um pouco de atenção. Quer colocar a Rússia no centro da geopolítica atual. E o que os EUA querem é mandar um recado para Coréia do Norte e principalmente Irã, de que os americanos têm um plano B para os dois.