As múltiplas faces de uma incoerência humana

27 março 2007

Citando, citando e citando

Na Inglaterra, comemora-se hoje 200 anos da abolição do tráfico de escravos. A BBC Brasil, para aproveitar a data, resolveu entrevistar a titular da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.

Na entrevista, entre outras coisas, ela disse que não é racismo "quando um negro se insurge contra um branco". Eu gostaria de saber como a chefe de uma secretaria que deveria promover a igualdade racial pode falar que não há nada de mal no fato de um negro se "insurgir" contra um branco. Por que raios um pessoa de pele negra insurgiria-se contra uma pessoa de pele branca? Eu, por exemplo. Posso ser considerado um "branco". Sempre fui contra o preconceito, sob todas as formas. Até onde eu saiba, nunca fui preconceituoso com nenhuma pessoa de pele negra. Mas, apenas por eu ser "branco", um negro deveria se rebelar contra mim? Aliás, como ele se insurgiria contra mim?

Não digo que sou o exemplo de anti-racismo. Reconheço que a escravidão é uma das manchas históricas mais marcantes. Mas nada vai apagá-la. Não se combaterá preconceito com mais preconceito. Matilde Ribeiro afirmou que "a reação de um negro de não querer conviver com um branco, eu acho uma reação natural. Quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou". Eu não açoitei ninguém. Acusa-me de algo que eu nunca fiz. Afirmações como essa só fazem crescer a segregação por cores, a chamada segregação "racial". E isso é o primeiro passo para um racismo constitucional. Ponto para a senhora Ribeiro.
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Essa nota faz parte da série "vai entender": o ministro das Comunicações, Hélio Costa, falou que a TV estatal venezuelana não é apenas ruim, é péssima. O ministro acrescenta que "a única razão de ser dessa TV no sistema a cabo brasileiro é que ela é hilariante. Para rir, tem grande utilidade. É melhor do que o Chaves mexicano". Nunca tinha ouvido falar nesse ministro. Sempre um Zé Ninguém para mim. Mas já ganhou minha simpatia. Um ministro, sob mandato de Lula II, ter a coragem de falar mal de alguma coisa de Chávez, na cara dura, merece total confiança.

O ministro deu essas declarações para diferenciar a TV do Executivo de uma TV estatal, como a TV de Chávez. Deu a entender que a rede não será um mero palanque para o morador do Planalto. Duvido muito. Tudo o que se cria no Brasil pelo governo é para algum fim eleitoreiro. Mas pelo menos igual a do Chávez não vai ficar. Ponto para Hélio Costa.
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Diogo Mainardi, na coluna dessa semana, mostra o porquê de não dar progressão de pena para bandidos. Cito-o:
"• Um assassino pode ser condenado a uma pena de somente oito anos.
• Um assassino pode ser solto depois de passar somente um ano e meio na cadeia.
• A liberdade condicional é, na prática, incondicional. Só no Rio de Janeiro há 6.254 foragidos. Quase todos se aproveitaram do relaxamento da pena. "
Ele termina de forma tristemente verdadeira: "Sabe o que isso significa? Isso significa que o próximo cadáver a animar as tardes de domingo tem tudo para ser o seu ou o meu."
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Impagável a nota de Josias de Souza sobre a mudança de nome do PFL para DEM: "DEMasiado conservador, o PFL vem sendo DEMonizado pelo eleitorado. Quando DEManda votos, só obtém DEMonstrações de desapreço. Tornou-se um tanto DÉModé. Incomodado, decidiu DEMolir o próprio passado. Sem mais DEMoras, sai Jorge Bornhausen, DEMirugo da velha geração. Embora jovem DEMais, entra Rodrigo Maia, o neo-DEMiurgo. Sobre a última DEMão de tinta, inscreve-se na placa um novo logotipo. Em vez de PFL, agora será DEM. Vem de DEMocrata. Mas nada impedirá os adversários de dizerem que é coisa do DEMo. Política é mesmo de lascar. Quando não é a DEMagogia, é a DEMência em seu estado mais puro. "
Outra frase bem interessante é do colunista Tutty Vasques: "O movimento gay está organizando a ‘Parada DEM’ em represália ao PFL. Explica-se: o partido está mudando de nome para Partido Democrata, mas adotará a sigla DEM em vez de PD, por considerar esta última associada aos pederastas. Depois perdem as eleições e não sabem porque.".

Mais explicado impossível.

20 março 2007

Passeando pela concorrência

E a política conspira contra o signatário que vos fala. Nenhum assunto relevante. A reforma ministerial me dá poucos tomates a ser jogado em Lula II. A briga entre dois políticos(um que finge ser oposição, e o presidente da CCJ que finge ser imparcial) não dá duas linhas de texto. Então, a única opção de assunto é ver como está o meu blog favorito, VotoLula.
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O primeiro post do blog em questão é um intitulado "O que dizer contra a CPI da crise aérea". Cita uma frase de um deputado do PP: "Seria uma CPI meramente política, que visaria a paralisar o Congresso Nacional e o governo". É verdade. Quando a oposição, qualquer uma, pede uma CPI, pode ter certeza que serve só para atazanar o governo. Afinal, a oposição serve para isso. Mas há dois pontos conflitantes: o primeiro é que os aeroportos precisam de uma investigação. Um relatório, do TCU se não me falha a memória, apontava irregularidades na Infraero. Com os atrasos virando rotina, parece claro, pelo menos para mim, que nem tudo está bem na aviação civil brasileira. E o segundo ponto é uma tecla que 11 em 10 anti-Lula estão batendo desde 2005: quando oposição, o PT pedia CPI para tudo. Agora, não quer para nada.
Um exemplo dessa política vem de São Paulo: "“Na manhã de ontem(14/03), o PSDB brigou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para instalar a CPI do Apagão Aéreo, mas à tarde, os tucanos usaram de todos os artifícios para obstruir, na Comissão de Direitos Humanos na Câmara, a realização de uma audiência pública para investigar o desmoronamento na obra do metrô em São Paulo." O texto entre aspas é de José Dirceu, que aponta uma incoerência tucana, pode apontar uma incoerência petista: por que abafar uma CPI que trata do caos dos aeroportos, enquanto é preciso uma investigação sobre o buraco do metrô? Quem garante que essa audiência não seja para fins políticos?
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Outro artigo digno de nota, esse um pouco mais antigo, é o post "Notas esparsas sobre uma visita polêmica". Fala da visita de Bush ao Brasil.
O autor da nota acha que a cobertura dos protestos foi um ato conspiratório da mídia. Cito-o: "Os grandes veículos abriram largo espaço para os protestos. Afinal, com uma pauta pró-governo que se auto-impôs de modo tão forte, era preciso buscar alguma coisa pra contrabalançar e desgastar a imagem do governo". O mais engraçado disso, fora o óbvio, é que, quando Clinton vinha visitar o Brasil, quem estava protestando eram justamente os signatários do blog. Até hoje eles defendem Hugo Chávez, um anti-americano.
Outro fato comentado pelo autor foi que "o avião do Bush Jr. é pelo menos 10 vezes maior do que o nosso bem conhecido Aerolula". E ironiza: "não deve haver um Arthur Virgílio no Congresso norte-americano para dizer que aquilo é fruto da vaidade ou deslumbramento do presidente". Não sei se há. Mas deveria. Eu acho um exagero. Esses presidentes com aviões enormes não faz sentido. Um jatinho até vai, é compreensível. Exigir que um presidente viaje de classe econômica é mesquinharia. Mas um AeroLula, ou um avião como o de Bush, é exagero.
O signatário continua: "apenas a Globo foi enfática ao informar que Bush não tem poderes para derrubar as barreiras protecionistas contra o álcool do Brasil". Eu não leio a Folha de São Paulo, mas Josias de Souza, em seu blog, enfatizou isso. Mas é bom notar que, mesmo se pudesse derrubar as tarifas, Bush não faria. E seu sucessor provavelmente mandará um projeto ao Congresso americano para renovar a barreira em 2009.
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Uma notícia publicada no portal ClicRBS, do grupo RBS(filial da Globo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina): "Papagaio pode voltar ao regime semi-aberto". Para (todos) os desinformados, Papagaio é um ladrão de bancos, um dos mais perigosos do Rio Grande.
Pelo que deu para entender, ele fugiu do regime semi-aberto, foi recapturado e vão colocá-lo em regime semi-aberto, depois de 30 dias de isolamento. A defesa exige mudança de regime imediata. Traduzindo: o sujeito foge, é recapturado e vão colocá-lo em regime semi-aberto. O juiz justifica a medida pelo bom-comportamento do sujeito. Ah, bom. Se é assim, tudo muda.
E a lei não precisa de alterações. Afinal, não podemos concluir que, apesar de ele ter fugido na primeira oportunidade que demos a ele, ele fugirá na segunda. Nós, da direita fascista, precisamos acreditar na boa índole dos bandidos.

09 março 2007

Vários assuntos III

Na falta de um assunto melhor, escolho vários aleatoriamente.
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Uma notícia, do Blog do Noblat, explica parte do nosso fracasso. Os próprios promotores brasucas reconhecem que, se depender da nossa "justiça", Maluf poderá se orgulhar de nunca ter sido condenado. Depois dizem que os americanos não fazem nada pelo Brasil. Ponto para Bush.
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Lula está começando a se embananar antes da hora. A reforma ministerial está lhe causando problemas, principalmente com o PT, que nunca primou pela paciência. Lula conseguiu algo inédito ao irritar as duas partes do PMDB: a da Câmara dos Deputados, porque não lhes deu dois ministérios, como queriam os deputados; e o líder da parte do Senado, Renan Calheiros, por causa da eleição do PMDB. Por causa disso, o PMDB da Câmara ameaça Lula de forma indireta. Calheiros ameaça deixar passar a CPI do Apagão Aéreo(a candidata a nova CPI do Fim do Mundo), além de ajudar os oposicionistas a desengavetar mais de 400 vetos presidenciais represados no Congresso.
E, com isso tudo, quase se esquece de Marta Suplicy, que pode virar ex-quase ministra de Lula. Sem Marta no Planalto, Lula corre o risco de ver o PT lhe virar as costas na votação do PAC e virar oposição. E se tem algo que o PT sabe fazer, é oposição. Lula está com sérios problemas.
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Já disse que sou contra o voto obrigatório, que político nunca é merecedor de nossa confiança. Porém, minha opinião está mudando aos poucos.
Na segunda-feira, o presidente-ditador Hugo Chávez foi declarado persona non grata no Estado do Paraná(detalhes aqui e aqui).
O autor do requerimento foi o deputado Ney Leprevost, do Partido Progressista. Não sei de absolutamente nada sobre ele. Suas propostas, suas idéias, nada. Mas alguém que consegue fazer aprovar um requerimento desses merece meu voto. Ponto para Ney Leprevost.
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Para não dizerem que nunca elogiei Lula: louvável a medida que implementa a distribuição de camisinhas nas escolas públicas. É um passo importante para evitar DSTs e gravidez indesejada. Para melhorar, os professores precisam aderir a campanha, pois sem eles de nada adiantará.
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Ricardo comentou no último post, dedicado quase que exclusivamente a ele. Disse que eu sou desonesto, que sou sofista. Falou que não tenho causa. Chamou-me de bobo da corte.
Ricardo falou tudo o que eu era, mas esqueceu-se de algo simples: responder aos argumentos propostos. Se eu sou desonesto, se tenho "prazer pelo contraditório, a desonestidade intelectual típica dos sofistas"; argumentos certamente me derrubariam. Mas, por alguma razão obscura, ele resolveu não responder nada.
Quanto a causa, a minha não é bem definida, mas ela existe sob o nome do Liberalismo. Poderia fazer um artigo só para isso, mas acho totalmente desnecessário. Defender o capitalismo e o liberalismo no Brasil é pregar no deserto, visto que o Estado é incontestável. Mas eu pergunto: e a causa do Ricardo? Socialismo? A minha causa pode não ser das melhores, mas não matou como o Socialismo. Ponto para mim.